quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Entrevista ao Deputado Emídio Guerreiro (PSD)

Trabalho de pesquisa/trabalho de campo

Questionário a apresentar aos deputados das diferentes forças políticas:
1-      Qual a importância/papel dos jovens na vida politica?
2-      Qual a relevância dos jovens na construção da sociedade do futuro?
3-      Como podem os jovens participar mais activamente na vida politica e usufruir do seu direito de cidadania?
4-      O partido que representa tem em conta os direitos dos jovens e o seu futuro papel na sociedade?



No passado dia 2 de Dezembro, quinta-feira, o nosso grupo deslocou-se à Assembleia da Republica com o intuito de assistir a uma Sessão Plenária (discussão da proposta do PCP para que os dividendos das grandes empresas sejam apenas levantados para o próximo ano para que estejam sob a alçada das novas medidas orçamentais e, como tal, contribuir com mais dinheiro, dos impostos, para os cofres do Estado). A proposta acabou por ser reprovada contando apenas com os votos a favor do PCP do BE. Do governo não estava nenhum ministro presente.
Além do objectivo de assistirmos ao debate, conhecer a câmara dos deputados e apercebermo-nos do ambiente em que ocorrem os debates parlamentares, o que pela televisão e rádio não é possível, queríamos também entrevistar um deputado de cada força partidária e colocar-lhes as questões (em cima formuladas) referentes ao papel dos jovens na vida politica portuguesa, titulo do nosso trabalho, de forma a que tenhamos uma opinião de alguém que representa o povo, o poder politico, que convive dia-a-dia com as mais variadas situações de tomadas de decisão e escolha de alternativas e soluções e para que pudéssemos interagir e trocar impressões e opiniões com alguém distinto e que nos pudesse orientar e apoiar neste nosso trabalho. O convívio com um representante do poder foi uma realidade. De facto, após os contactos feitos para os diversos grupos parlamentares, apenas de um nos responderam.
Foi do PSD que, por intermédio de um assessor, nos disponibilizou uma reunião com um dos seus deputados, na sala principal de reuniões do próprio partido (no edifício novo, ao lado da Assembleia da República). Foi o deputado Emídio Guerreiro, deputado do PSD e eleito pelo Distrito Eleitoral de Braga, que coordena a Comissão de Educação do próprio partido e que em tempos fez parte da JSD, com quem tivemos o prazer de falar, fazer as nossas perguntas, debater alguns pontos e ainda informá-lo do nosso projecto e dos nossos objectivos, tendo recebido de imediato o seu apoio, interesse e inteira disponibilidade.
Na verdade, a pessoa que entrevistámos não poderia ter sido melhor. Além das suas excelentes capacidades de orador, conseguiu em aproximadamente 30 minutos de entrevista captar do princípio ao fim a nossa inteira atenção e mostrar-nos que os representantes do poder são pessoas como outras quaisquer que defendem os nossos direitos, interesses e valores, representando o povo e debatendo as várias soluções e alternativas a que os nossos problemas podem estar sujeitos.
De seguida, apresentamos apenas os principais pontos que o nosso entrevistado referiu em resposta às sucessivas perguntas, após as apresentações e a especificação do que pretendíamos e de qual era a génese do nosso projecto.










Pergunta 1 - «O vosso papel será aquele que vocês decidirem que querem ter e para isso têm que participar cada vez mais na vida política activa para serem parte da decisão»; «se não estivermos em cima da mesa do jogo não existimos quando alguém estiver a decidir por nós, e se os jovens continuarem alheados de tudo o que se passa à sua volta vão continuar a não ter o papel que desejariam e não poderão reivindicar os seus direitos»; «participem nos factos sociais, cívicos para que se ouça a vossa voz!»; «cada vez mais o interesse pela política por parte dos jovens é menor (…) reflecte-se nas eleições académicas, por exemplo, em que não há o apoio de nenhum partido»; «hoje em dia os partidos são tantos e as ideologias tão variadas que se torna fácil escolher mesmo que não concordemos com tudo a 100%»; «alguns dos deputados que temos hoje em dia começaram sem qualquer apoio de forças políticas nas listas de associações de estudantes das secundárias e das universidades»; «quem não é visto não é lembrado e quem não é lembrado não é tido em conta».
Pergunta 2 - «É decisivo que os jovens participem na construção da sociedade do futuro, visto que essa irá ser a sua sociedade»; «sempre achei que tinha de participar, se eu não falasse ninguém me ouvia!»; «a minha geração atingiu vários objectivos (…) por exemplo a tropa e a percentagem de estudantes universitários»; «há uma maior resignação na população e principal nos jovens»; «as causas somos nós que as criamos, e temos que lutar por elas adaptando-as à nossa realidade»; «a grande questão da juventude neste momento é a questão da empregabilidade»; «tem que existir uma adequação das necessidades do País com os cursos e as habilitações da população (…) vocês devem exigir saber a empregabilidade de cada curso e devem reivindicar e exigir estarem mais informados acerca disso, pois esse é o vosso futuro e ninguém quer estes números de desemprego».
Pergunta 3 - «Participando, têm que se rever num partido político e gerirem os processos de frustração e indignação»; «é fácil dizer que não nos identificamos com nenhum partido, mas de entre 22 partidos deve existir um em que em 10 coisas em concorde com 8»; «participar implica perder muitas batalhas e ser incompreendido (…) a malta nova não está habituada ao sentimento de frustração e negação e às contrariedades impostas pela sociedade e pelos problemas que vão surgindo»; «sempre que eu não voto estou a deixar que alguém vote por mim» ; «nos EUA apenas votam as pessoas que estão registadas e por isso a abstenção quase não existe visto que só se regista quem quer mesmo votar»; «há regimes em que quem não vota paga multa, concordo com esse sistema, todos têm que votar»; «a luta pelo voto universal foi muito intensa e custou muito aos nossos antepassados»; «as primeiras eleições em Portugal após o 25 de Abril tiveram uma participação de 96% dos registados, o que foi notável (…) a população queria fazer parte das decisões»; «na América os partidos sabem as pessoas que estão registadas para votar e andam de casa em casa mesmo nos dias da votação e ligavam dos call centers (…) e é a democracia mais avançada do mundo e vista como um exemplo e não têm problemas pois só aqueles que se interessam é que podem decidir»; «decidam por vós próprios».
Pergunta 4 - «O PSD é um partido histórico e a JSD sempre teve um papel importantíssimo como consciência crítica do PSD»; «em todos os órgãos do partido a JSD tem representantes e até mesmo parlamentarmente»; «mesmo na direcção geral com apenas 15 elementos, incluindo Passos Coelho, a JSD tem dois representantes e é o órgão máximo do partido, a cúpula»; «eu fiz parte do movimento «SIM» pelo aborto que começou a ser debatido pela JSD nos meus tempos de militância na Juventude»; «a malta da minha geração sempre lutou muito por essas questões éticas nas quais o PSD dá liberdade de voto aos seus deputados (como aconteceu na questão dos homossexuais), sendo o único partido que tem liberdade de voto, apesar de os partidos da esquerda dizerem que são eles que são menos conservadores»; «os jovens na JSD são bem-vindos e acarinhados e têm lugar garantido e permanente nos vários órgãos do partido, para se poder fazer ouvir e dizer o que acha do País mas também do próprio partido»; «quanto maior quantidade de jovens houver a participar maior irá ser a qualidade»; «possivelmente há jovens que só estão na política por interesse mas só se os que verdadeiramente se interessam deixarem (…) mas para isso é necessário participarem»; «apesar de ser de direita sou a favor das greves e das manifestações cheias de gente quando são por causas justas»; «participei na vigília dos professores e discursei»; «a chatice é que as coisas correm mal à primeira e o pessoal desiste, não pode continuar assim»; «a gente não consegue mudar o mundo, mas podemos ajudar, e vocês têm um papel importante».
Síntese da entrevista ao deputado Emídio Guerreiro (PSD).

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